domingo, 26 de fevereiro de 2012

PADRE MATHON: 2 ANOS DE SAUDADE


Despedida

"E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir, foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. 
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo".

Rubem Braga

Este poema é uma simples homenagem que é feita pela descanso eterno, junto ao Pai, nestes dois anos do nosso eterno, inesquecível e saudoso Padre Mathon. 
Esta foto foi tirada na missa festiva do padroeiro São João Maria Vianney. Me emocionei quando o vi e na 1ª oportunidade, no momento do ofertório, me aproximei do altar e fotografei ele. Essa imagem ficou até hoje e ficará para sempre muito clara na minha memória. Foi um momento forte e que jamais imaginei que uma única imagem fosse servir como as últimas lembranças dele, sorrindo, mesmo debilitado, a tantas pessoas que utilizam esta imagem, como a última lembrança dele. Que Deus o tenha ao seu lado, olhando por todos nós aqui. Ainda bem que somos privilegiados por termos um padre que está se esforçando muito para que a nossa paróquia tenha sua fé viva e nos motiva a praticá-la. Acredito que, assim como padre Mathon, Padre Ricardo Henrique, tem cuidado das ovelhas deixadas pelo nosso saudoso e inesquecível padre Mathon.


É como diz Santo Agostinho: "Saudade sim, tristeza não!". 

Gilneide Costa

Um comentário:

  1. Pe. Matthon é para mim um pai espiritual, pois foi ele que me ensinou a ser Igreja. Sei que assim como eu, muitas ovelhas espalhadas por aí, também ainda sentem falta de sua presença. Graças a Deus, tive a oportunidade de conhecê-lo e sentir a sua santa presença. Ó Senhor, pela intercessão de vosso servo fiel, pe. Pedro Matthon,abençoa esta arquidiocese e dai um novo ardor missionário aos jovens, que ele tanto amou! Amém!

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